Monday, September 24, 2007

Depois do regresso a memória

Estava tão feliz por voltar a escrever no meu blog, passaram quase dois anos sem nele ter escrito e agora dois anos e meio (um pouco mais) depois de ter começado a relação que acabou com o meu blog ... regressei.

Estou de volta, disse para mim mesmo, faz quase 4 meses depois da separação (2 meses de separação oficial e dois meses de separacao mesmo). A separação da relação que acabou com este blog ...

Agora depois desse post "o regresso" tomei o luxo de perder tempo e ler os posts que tinha escrito quando vim para a holanda.

Recordei não só os sentimentos do passado que são agora tão verdadeiros como o eram na altura, como recordei também o inicio de algo cujo o fim me traz de volta a esta paginas.

Pouco mudou no mundo dos "blogs", tirando o facto de que já ninguém os lê ou ninguém se lembra. Algo que foi um dia muito popular morreu agora um bocado.

De todos os links que aqui tinha só um ainda funciona (vale a pena espreitar). Também desisti de escrever em Inglês. Apesar de que as pessoas que conheço, na grande maioria não percebe português.

Acho que no fundo (tal como o sempre fiz com este blog) escrevo para uma pessoa em particular. Essa pessoa não é a mesma em cada post mas é sempre uma pessoa, e é quase sempre (com uma excepção, que sabe quem é) uma pessoa que nunca vai ler o meu blog e provavel ete nem sabe que tenho um blog.
Penso sempre em mandar um email a dizer, olha tenho um blog, não queres ir espreitar?

...

Mas no fim nunca mando.

São cartas destinadas a outros (regra geral destinadas a outras) que ecrevo para mim mesmo.

Releio agora o qe disse sobre as mulheres e continua a ser verdade, se bem que agora o diria de uma outra forma. O tram (streetcar; electrico) que me chamei de tram da felecidade, representou no fim os momentos de felecidade completa duma relação que acabou no momento em que escrevi o post sobre as Filipas da minha vida. Ironicamente a relação acabou por traição por parte dela (um homem 16 anos mais velho que eu, feio e gordo ... enfim).

Foi bom relembrar o que pensei durante o meu primeiro beijo ...

Na altura ainda não estava apaixonado por ela, ainda não a amava como amei e talvez ainda ame. Nessa altura estava interessado nela e numa italiana, acabei por investir nela e quando demos o primeiro beijo disse (como repeti neste blog) agora é o ponto sem retorno. Mas ao contrario do que escrevi neste blog, quando o disse não foi sem um toque de arrependimento ... foi no fundo mais do tipo: foda-se agora não posso voltar atrás se der merda já me fodi porque ela está na mesma escola que eu (ok, faculdade). Pouco depois comecei a ama-la. Depois disse ja não pensava noutra coisa. Era amor, puro e simples (o amor nunca é simples). Queria casar com ela, ter filhos e passar com ela o resto da minha vida ...

Dois anos e meio de relação e tudo acabou! No fundo foi só sexo e carinho. No fundo foi só a minha nessecidade de tomar conta de alguém emocionalmente e ter alguém que tome conta de mim domésticamente.

Agora sou hóspede numa casa que já foi minha. Tenho uma semana para sair e nenhum sitio para onde ir. Permaneço na esperança que um certo sitio fique disponivel para mim e me possa mudar para lá.

Foi bom recordar me. Foi bom recordar o que escrevi faz agroa 3 anos no fundo.

... confesso que agora tenho pena de não ter afixado aqui o texto que escrevi no funeral da mãe duma colega minha do 12o ano. Só por ser mais um pedaço de texto e de mim. Um pedaço de alguém que sou mais agora do que foi nos ultimos 2 anos.

(se te escrevesse isto num email, agora viria a parte em que escreveria: um beijo enorme, tenho saudades tuas!)

O regresso

Durante muito tempo escrevia apenas quando estava triste, sozinho ou em momentos puramente depressivos.

Agora, apesar de estar de novo triste, de certa forma sozinho e de frequentemente me encontrar depressivo escrevo de uma forma diferente.

Agora escrevo feliz ...

Feliz sim, porque redescobri a felicidade no meio de existências tristes. Redescobri as pequenas coisas. Os email de alguém de quem verdadeiramente gostas, embora nem sempre o confesses.

Redescobri o prazer das palavras e das imagens. Redescobri o prazer do trabalho e do estudo.

Tudo graças a um acontecimento verdadeiramente doloroso e triste. O acabar de um capitulo da minha vida e o começar dum novo.

Regresso assim a mim mesmo. Volto a ser o homem que fala com semáforos. Não mais o bailarino ou aspirante a bailarino. Agora algo diferente ... Não mais o rapaz de 18 anos que não sabia cozinhar ou tratar das tarefas domésticas ...

Não agora escrevo, ainda como jovem (muito jovem ainda ...) mas como alguém que pela primeira vez vai começar uma vida sozinho. Pela primeira vez vou morar verdadeiramente sozinho, num espaço verdadeiramente meu. Após 3 anos numa terra diferente vou cortar as pequenas dependências.

Fica, naturalmente, a necessidade de carinho, de amor de alguém.

Custa não ter alguém para chegar a casa. Custa perder os gatinhos que me recebiam com carinho, talvez os únicos verdadeiramente felizes por me verem chegar a casa.

Muito me custa agora, muito contribui para um estado quase permanente de cansaço. Mas o pouco que me empurra, que me anima é mais que suficiente para que valha a pena continuar a existir.

Agora sei, mais uma vez, que não é necessário ter mais porque viver e ser feliz do que porque morrer ou ficar triste. Agora sei que são aquelas poucas coisas na vida, pequenas e grandes que valem a pena.

Agora recordei o que tinha esquecido ...

Agora posso voltar a ser eu mesmo, não preciso de ser mais adulto do que a minha idade! Não preciso de ser alguém diferente. Não preciso de ser alguém que ela goste ou deseje.

Agora posso ser eu mesmo mais uma vez, talvez até pela primeira vez ...

...